terça-feira, 7 de março de 2017

Contos da Floresta



Do conto "As Fadas", conto registado por Charles Perrault, fica aqui uma imagem da exposição que pode ser visitada até dia 8 de Abril na Galeria Municipal de Corroios.


Marioneta: Olga Neves
Photo: Luís Miguel Martíns - CÂmara Municipal do Seixal


As Fadas 

Vivia num bosque uma viúva e as suas duas filhas. A filha mais velha era muito parecida com a sua mãe, tanto no feitio como na falta de beleza e educação. Como cada um gosta dos seus semelhantes, a mãe nutria uma grande admiração por esta filha. A outra filha, a mais nova, era muito educada, e, como em todos os contos os que são bons de coração também o são de aparência, a rapariga tinha uma beleza única.
A mãe, sempre muito protectora da filha mais velha, atribuía todas as tarefas da casa à filha mais nova. Ora uma das tarefas que a rapariga tinha era a de ir buscar água todos os dias a uma fonte que ficava muito longe. Num desses dias, apareceu junto da moça, uma idosa que lhe pediu água. Sem demora a jovem deu de beber à velha senhora, auxiliando-a em tudo o que pode. Então esta ergueu-se e disse-lhe:
- És tão gentil, que te vou conceder um dom. Concedo-te o dom de lançares pela boca uma flor ou uma pedra preciosa sempre que proferires uma palavra!
Afinal a velha senhora era uma fada.
A rapariga foi para casa e contou o sucedido à sua mãe, que estava maravilhada, pois sempre que a sua filha falava surgiam flores e várias pedras preciosas.
A mulher correu então a avisar a filha mais velha e contou-lhe toda a história e qual o comportamento que esta deveria ter quando lhe aparecesse uma velha a pedir água. Entre resmunguices e muito má disposição, a rapariga decidiu fazer o que a mãe lhe mandou.
Quando chegou à fonte, não encontrou nenhuma velha, nem idosa, nem pobre, nem doente, nem faminta, não encontrou ninguém! Então, furiosa, sentou-se sem saber o que fazer pois certamente a sua mãe não iria ficar satisfeita por ela não conseguir o mesmo dom que a sua irmã mais nova.
Enquanto pensava na melhor forma de sair daquela situação ouviu passos que se aproximavam da fonte. Seria a velha? Pensou para com os seus botões. Era bom que fosse, assim podia despachar o assunto e ir para casa descansar. Quando se voltou viu uma linda mulher muito bem vestida. Não, não era a velha, descobriu, e isso arreliou-a ainda mais! A mulher ao ver que a jovem tinha um jarro, pediu-lhe um pouco de água, e esta respondeu-lhe de forma muito malcriada:
- Pensas que estou aqui para te servir? Bebe da fonte se quiseres!
- Não és muito educada, pois não? Perguntou – lhe a mulher. E depois continuou:
- Pela tua falta de educação e humildade, vou amaldiçoar-te! Sempre que falares sair-te-ão cobras e lagartos pela boca.
A rapariga, muito chateada e sem perceber que aquela senhora era afinal a mesma fada que concedera o dom à sua irmã, foi para casa. Finalmente podia ir descansar. Quando chegou a casa a mãe perguntou-lhe se tinha encontrado a velha, ao que a rapariga lhe respondeu:
- Não minha mãe! Foi tudo invenção da minha irmã.
Mas enquanto falava saíam-lhe cobras e lagartos pela boca, e então mãe e filha horrorizadas, culparam imediatamente a irmã mais nova.
A mais nova fugiu para a floresta, tendo sempre mãe e irmã no seu encalço. Então, cansada e desesperada, pediu ajuda a um jovem cavaleiro que por ali passava e que dando conta do seu grande desespero a levou com ele para bem longe.
O cavaleiro era um príncipe que bem depressa se enamorou dela e não passou muito tempo para que lhe pedisse a mão e os dois casassem.
Naquele tempo, quando os jovens se casavam, tinham de levar um dote. O príncipe, claro está, já tinha o seu, que era um reino imenso. A rapariga tinha doçura e educação, e também o dom das palavras, das palavras preciosas!!

Quanto à sua irmã, acabou por refugiar-se num canto do bosque, pois ninguém queria estar junto dela, nem mesmo a sua mãe. 


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Contos da Floresta em Corroios - Seixal

E lá vão as marionetas, desta vez para o município do Seixal.

Contos da Floresta é desta vez protagonizado pelo conto do Capuchinho Vermelho e das Fadas. Ambas as histórias se passam na floresta, numa floresta cheia de perigos e de dons, cabe agora às valentes protagonistas conseguirem encontrar um final feliz.

A inauguração é dia 11 de Fevereiro e prolonga-se até 8 de Abril de 2017... estão TODOS
convidados!!!


terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Contos Por Um Fio na Casa dos Crivos

Os Contos Por Um Fio vão estar na Casa dos Crivos, em Braga. A inauguração é dia 17 de Fevereiro e vou estar na galeria nos dias que sucedem a inauguração para visitas guiadas e oficinas.

Os Contos que por lá vão passar são O Príncipe Orelhas de Burro e a história do boneco Petroushka.

Estão todos convidados...


Marionetas Olga Neves
Fotos Olga Neves

olga-neves@sapo.pt




domingo, 9 de outubro de 2016

Contos Por um Fio no Museu da Marioneta - O Pequeno Grande Quebra Nozes













Rei dos Camundongos, Quebra Nozes e Maria, do romance O Quebra Nozes de Ernest Theodor Amadeus Hoffmann.

A exposição estará patente no Museu da Marioneta até 30 de Outubro de 2016.


Autora OlgaNeves  Photo Olga Neves   olga-neves@sapo.pt





quinta-feira, 12 de maio de 2016

O Sapateiro e os Anões no Museu da Marioneta





Marionetas Olga Neves
Fotografia Olga Neves

olga-neves@sapo.pt


O Sapateiro e os Anões conto registado pelos irmãos Grimm

Era uma vez um pobre sapateiro que vivia numa pequena casa com a sua mulher.
Eram os dois tão pobres, mas tão pobres, que não tinham dinheiro nem para comprar o cabedal com que o sapateiro poderia continuar a trabalhar.
Uma noite o pobre sapateiro, cansado e infeliz, decidiu ir deitar-se depois de haver cortado o último pedaço de cabedal que lhe restava. As esperanças de vender os sapatos, que na manhã seguinte haveria de fazer com ele, não eram nenhumas, e aos seus vizinhos também não poderia pedir ajuda pois todos eram, como ele, demasiado pobres. E foi nesta angústia que adormeceu. 
No dia seguinte, com grande espanto, encontrou no lugar do cabedal que havia cortado, uns lindos sapatos, brilhantes e muito bem feitos.
Mal se havia recomposto do espanto e da alegria quando viu entrar na loja um nobre cavalheiro que, de imediato, lhe comprou o par de sapatos e, como deles gostou muito, deixou ao sapateiro uma reluzente moeda de ouro.
O sapateiro não cabia em si de felicidade e curiosidade. Quem teria feito aqueles sapatos? Sem tempo a perder comprou nesse mesmo dia mais cabedal em que recortou dois novos pares de sapatos e foi-se deitar na esperança de que o mesmo voltasse a acontecer.
Para sua alegria, no dia seguinte, voltou a encontrar dois novos pares de sapatos, brilhantes e muito bem feitos. Exatamente no mesmo sítio.
E também estes dois pares de sapatos não esperaram muito nas prateleiras da sua loja porque, devido à sua beleza e perfeição, logo tiveram compradores.
O sapateiro voltou a comprar o cabedal e o mesmo se foi repetindo noite após noite após noite.
Um dia marido e mulher, cansados de matutar sobre como acontecia o cabedal virar sapatos de qualidade e beleza, sem a mão de nenhum deles, resolveram ficar acordados para tentarem descobrir quem tanto os ajudava.
No silêncio da noite viram então dois pequenos anões entrarem pela janela e dirigirem-se ao local onde o sapateiro trabalhava para depois, muito rapidamente, executarem os novos sapatos. A seguir, e tal como haviam entrado, assim os viram sair.
Os anões não tinham roupa, estavam completamente nus, e o sapateiro e a mulher decidiram que lhes haveria que retribuir o favor e, por isso, foram comprar umas roupas muito bonitas que deixaram ficar junto ao cabedal cortado na noite que se seguiu à descoberta.
Quando os anões voltaram nessa noite à casa do sapateiro e da sua mulher, depararam com umas minúsculas mas belas roupas, mesmo à sua medida. Vestiram-se e, de tão felizes que estavam por terem roupas tão bonitas, dançaram e pularam a noite inteira.
Depois nunca mais apareceram, mas o sapateiro ficou-lhes eternamente agradecido pela ajuda que lhe tinham dado num momento tão difícil da sua vida.

Quanto aos clientes continuaram a acorrer vindos de muito longe, porque a fama dos sapatos sendo tanta percorrera já muitas e muitas léguas em redor da casa do sapateiro que, todos os dias, se continuou a esforçar para ter nas prateleiras da sua loja os mais belos pares de sapatos do mundo.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O Pequeno Grande Quebra Nozes na Fábrica das Histórias

O Quebra-Nozes e o Rei dos Ratões, E.T.A. Hoffmann

“O Quebra-Nozes e o Rei dos Ratões” é um conto maravilhoso escrito por Ernst Theodor Amadeus Hoffmann.
Hoffmann nasceu em 1776, na cidade de Konigsberg, conhecida pelos seus campanários e relógios, e foi um viajante incansável, escritor, compositor, diretor de orquestra, professor e advogado.
O conto, escrito em 1816 e recheado de personagens que Hoffmann foi buscar ao quarto de brinquedos dos filhos do seu grande amigo Hitzig, a quem o dedicou. Embora tenha sido classificado como um conto infantil, talvez porque repleto de brinquedos, ratinhos e ratões, um deles com sete cabeças como se saído de um conto de fadas, não pactua com uma linguagem simples e, sendo simultaneamente misterioso, poético e fantástico, nele não encontramos o mais pequeno papel redutor da lição de moral, tantas vezes assumido por quem escreve para crianças.
Dentro do imaginário romântico e da literatura fantástica, e encontrando-se nas suas palavras uma grande musicalidade, Tchaikovsky não resistiu e adaptou-o para uma peça de ballet, criando a partir dele uma preciosa obra musical que estreou em Dezembro de 1892 no teatro de Maryinski em São Petersburgo.
A partir de então “O Quebra-Nozes e o Rei dos Ratões” passou a ser considerado também um dos mais belos contos de Natal.


Ana Meireles



















































Marionetas, Olga Neves
Texto, Ana Meireles
Fotografia, Olga Neves

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Onde estão as Tartes - Alice no País das Maravilhas - Alice Também Mora Aqui



Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll

Esta é a história de uma menina chamada Alice e da sua aventura no País da Maravilhas.
Numa bela tarde de sol estava Alice quase a dormitar sobre a relva, olhando para um livro sem figuras que a sua irmã lia, e que por isso mesmo lhe parecia não ter graça nenhuma quando, de repente, viu por elas passar um coelho branco que enquanto ia correndo murmurava para com os botões do seu colete: Vou chegar atrasado! Vou chegar atrasado!
Sendo um coelho simpático e muito bem posto, de colete como já se disse, do bolso do qual pendia um belo relógio e ainda de luvas brancas, Alice não hesitou em segui-lo até que o viu entrar num buraco.
 E sem hesitar também entrou e então deu-se o grande catrapuz, que é como quem diz, Alice foi pelo chão dentro até a um sítio que ela supôs ser do outro lado do mundo tão grande fora a sua queda.
Quando chegou ao fim encontrou-se Alice num pequeno átrio com várias portas. Nesse átrio estava também uma mesa onde repousavam uma chave, que certamente servia para abrir uma ou todas as portas, uma garrafa que dizia “bebe-me” e um bolo muito vistoso que dizia “come-me”. E Alice, que era uma menina muito curiosa, logo experimentou beber da garrafa e dar uma dentada naquele bolo vistoso.
É então que verdadeiramente começa a sua aventura no País onde encolher e esticar eram coisa comum, onde existia uma Rainha déspota que gostava imenso de mandar cortar cabeças, e uma Tartaruga Falsa que passava os dias a recordar os seus velhos tempos de escola e a cantar canções de roda, e um Gato que tinha o estranho hábito de deixar o sorriso pendurado pelas árvores, e uma Lagarta muito filosofante que gostava também de fumar narguilé, e um Chapeleiro Louco, e uma Lebre de Março, e um Arganaz que usava como cama um velho bule de chá….
Entre imensas peripécias, que a história é longa, e diversas tropelias, Alice atravessa este mundo fantástico, porque cheio de personagens extravagantes, delirantes, corteses e embirrantes, capazes de a libertarem de um quotidiano demasiado cinzento.
Quando acordou do seu sono / sonho, Alice percebeu que tudo o que viveu foi irreal, mas valeu a pena porque, como muitas vezes nos acontece, viver aventuras é um acto de vontade, vontade de quem está disposto a acreditar no desconhecido e no inesperado, porque viver aventuras requer a nossa cumplicidade para que aceitemos que aquilo que estamos a sonhar está realmente a acontecer. 

E com isto se percebe que para este fio de histórias adquirir corpo e realidade é preciso ACREDITAR. Tal como Alice, no País da Maravilhas, é na nossa vontade de acreditar, na nossa disposição para tomarmos conta das narrativas feitas com palavras e com coisas que reside a oportunidade das histórias se tornarem VIVAS.

Texto
Olga Neves
Ana Meireles



E a sessão fotográfica começava. TODOS ASO SEUS LUGARES!!!!

Marionetas, Olga Neves
Fotografia, João Maçarico







E cortem-lhe a CABEÇA!!!!!!










































































































Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll

Alice, essa menina criada por Lewis Carroll e posta em desassossego no País das Maravilhas, povoado de animais falantes, de um gato enigmático que deixa o sorriso pendurado pelas árvores, de um coelho branco apressado e pomposo que anda sempre a correr exibindo o seu colete, o seu leque e as suas luvas brancas, de um chapeleiro louco, de uma duquesa muito feia e, de entre muitos outros, a que não falta até uma rainha faminta de decapitações, está agora em Torres Vedras.
Vamos pois conhecê-la, acompanhando toda a loucura do livro e a riqueza do imaginário do seu criador.
E tal como na história o seu pescoço cresce, cresce, também aqui os seus caminhos saem pela cidade fora criando um percurso poético entre a Fábrica das Histórias e a Paços - Galeria Municipal de Torres Vedras.
Ana Meireles
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